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A recessão da economia sul-africana terá efeitos negativos para Moçambique, mas também oferece oportunidades, principalmente no sector agrícola, considerou, o director-executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Eduardo Sengo.

A estagnação da economia sul-africana "é um grande risco [para a economia moçambicana], mas há oportunidades", declarou.

A depreciação do rand e o encerramento de empresas vai resultar na desvalorização das remessas e na perda de empregos dos trabalhadores moçambicanos na África do Sul.

"Se a economia sul-africana continuar a desacelerar, afecta-nos: sob o ponto de vista das remessas, a África do Sul é um país muito importante para Moçambique".

Por outro lado, a desvalorização do rand pode reduzir os ganhos das exportações de Moçambique para a África do Sul.

Apesar dos efeitos negativos, Eduardo Sengo considera que Moçambique pode tirar proveito da actual conjuntura da economia sul-africana, principalmente ao nível da procura de produtos agrícolas, devido à escassez provocada pela seca naquele país.

"Eles têm uma grande procura, porque são um gigante no consumo, e esta procura já não está a ser satisfeita como deve ser", assinalou o director-executivo da CTA.

Eduardo Sengo anotou que a produção agrícola caiu 30% no segundo trimestre deste ano na África do Sul e há empresários moçambicanos do sector agrícola que se têm movimentado para aproveitar essa oportunidade.

Por outro lado, a queda do rand pode acentuar a tendência de descida da inflação em Moçambique, uma vez que o país é muito dependente dos produtos alimentares da África do Sul que assim podem ser comprados mais baratos.

 Mas nem todos os analistas pensam assim.

Yasfir Ibraimo, economista do Instituto de Estudos Sociais e Económicos de Moçambique (IESE), entende que a recessão na África do Sul poderá resultar no encarecimento de bens alimentares para Moçambique.

"A queda da produção e redução da demanda na África do Sul vai gerar tendências inflacionárias, principalmente para os produtos de primeira necessidade, visto que a produção agrícola está a cair", afirmou, em declarações ao diário moçambicano A Verdade.

Além dos números, há uma face social ligada à recessão económica.

Hélio Filimone, jornalista moçambicano que em Julho lançou o livro "Xenofobia na África do Sul: Moçambicanos como vítimas emblemáticas do fenómeno", disse que a recessão da economia sul-africana coloca os moçambicanos cada vez mais na mira dos ataques contra estrangeiros.

"A hostilidade dos sul-africanos contra estrangeiros, em momentos de crise, agudiza-se e a situação entra em ebulição em tempos de recessão da economia", considerou Filimone, em declarações à Lusa.

A África do Sul entrou em recessão, pela primeira vez desde 2009, após dois trimestres de contracção económica, informou o organismo de estatísticas do país.

Segundo os dados oficiais, a economia sofreu um recuo de 0,7% no segundo trimestre de 2018, após uma contracção de 2,6% no primeiro trimestre. Considera-se que um país entrou em recessão após dois ou mais trimestres consecutivos de contracção económica.

Fonte: Lusa em DN, Outubro/2018

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