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Angola e Moçambique estão entre os dez países africanos que vão continuar a ter problemas sociais e políticos no futuro, segundo um relatório sobre o risco de África, elaborado pela seguradora de crédito francesa Coface.

"O nosso índice de fragilidade política e social indica que há 10 países que podem ser ou continuar a ser afetados por problemas no futuro", lê-se no relatório sobre o Panorama Africano, elaborado pela seguradora de crédito francesa Coface.

Angola, Camarões, Chade, Djibouti, Egito, Etiópia, Mauritânia, Moçambique, Uganda e a República Democrática do Congo são os países em causa, segundo o relatório de julho, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso.

No documento, os analistas da Coface escrevem que "o aumento na mobilização de instrumentos é um dos fatores por trás do aumento do risco" e acrescentam que "esta dinâmica, espalhada por todo o continente, pode potencialmente levar a uma multiplicação de eventos desestabilizadores em África a longo prazo".

Para além de ser um dos dez países que deverão continuar a ter problemas sociais e políticos, Moçambique figura também na pódio dos países com mais risco em África, de acordo com o índice elaborado pela Coface, abaixo do Quénia, essencialmente devido aos ataques de "grupos terroristas islâmicos, o al-Shabaab no Quénia e o Ansar al-Sunna em Moçambique".

A nível continental, a Coface salienta que "a temperatura está a subir", apontando para o aumento do número de conflitos na região, que "apesar de um declínio em 2018, depois do recorde histórico de 2017, o número subiu 70% desde 2008, com mais do triplo das vítimas", cujo número mortal passou novamente, pelo quinto ano consecutivo, a marca dos 70 mil.

O modelo de risco político elaborado pela Coface leva em conta as duas principais categorias de risco, o risco de segurança e o risco que surge da fragilidade política e social, que leva em linha de conta o populismo.

Em março, a Coface melhorou a classificação de Angola devido ao provável aumento da produção petrolífera, abrandamento da depreciação do kwanza e aceleração das reformas que vão melhorar o ambiente de negócios no país.

"A produção de petróleo deve crescer ano, sustentando o regresso ao crescimento económico, a depreciação da taxa de câmbio oficial deve abrandar e as reformas das médias e pequenas empresas para melhorar o clima de negócios aceleraram", lê-se na análise.

Angola, já este ano, viu a sua classificação sobre o Risco do País melhorar para C, o penúltimo de uma lista que analista o risco de investimentos no país.

Um nível C, de acordo com a classificação da consultora francesa, serve para identificar um país com "uma perspetiva de evolução económica e financeira muito incerta, com um contexto político que pode ser instável", e no qual "o clima empresarial tem deficiências substanciais e a probabilidade média de uma companhia entrar em 'default' é elevada".

No que diz respeito ao indicador que mede o Clima Empresarial, Angola está no pior indicador (D), que implica um país em que "os relatórios das empresas estão frequente indisponíveis e não são confiáveis" e em que "a cobrança de dívidas é aleatória, as instituições mostram fraquezas significativas, e o acesso ao mercado interno é difícil".

Em fevereiro, a Coface tinha melhorado a análise sobre o risco de Moçambique para o segundo pior nível, D, antecipando uma ligeira melhoria do crescimento económico, que continua limitado pela crise da dívida oculta.

"A economia deve recuperar ligeiramente em 2019, mas vai continuar limitada pela crise, no seguimento das revelações de 2016 sobre a dívida oculta do Governo", lê-se na análise que estes consultores de risco fizeram a Moçambique e fevereiro.

"A construção, que era um dos setores que potenciava o crescimento antes da eclosão da crise, deve continuar a sofrer com os constrangimentos de financiamento do Governo, ligado ao congelamento das ajudas internacionais", acrescenta o documento.

Na análise feita antes dos ciclones Kenneth e Idai, os consultores melhoraram o nível global de risco, de E para D, ficando assim no penúltimo degrau da escala de risco do país e também no que diz respeito ao ambiente económico, antevendo uma aceleração do crescimento económico de 3,3% do PIB, em 2018, para 3,5% este ano, e um aumento da dívida pública, de 121,5%, no ano passado, para 129,2%, este ano.

Fonte: Plataforma, 15/07/2019

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